"A próxima seção (12 Passos) lhe dará um mapa geral para esta jornada, mas antes você terá quenavegar através das barreiras iniciais, reais e imaginárias que aparecem no seu caminho. Nóschamamos estas barreiras de “Os 7 Mas”.
Mas não temos fundos…
Isto não é realmente um problema. Levantar fundos é uma desculpa esfarrapada para entusiasmo e envolvimento com a comunidade – sendo que ambos o levarão a passar pelas primeiras fases de sua transição. Patrocinadores também podem querer algum tipo de controle e conduzir a iniciativa para direções contrárias aos interesses comunitários.
Nós mostraremos como pode-se assegurar de que o seu processo gere a quantidade adequada de fundos. Não estamos falando de fortunas – sua Cidade em Transição não terá ações nas Bolsas de Valores mas, como me disse o designer de ecovilas Max Lindeggar anos atrás, “se um projeto não tiver um lucro, terá um prejuízo”.
A Cidade em Transição Totnes começou a trabalhar em setembro de 2005 sem fundos e tem se autofinanciado desde então. As palestras e exibições de filmes que fazemos levantam dinheiro para subsidiar eventos gratuitos como os dias de Open Space. Você chegará a um ponto em que terá projetos específicos que exigirão patrocínio, mas até lá você dará um jeito. Conserve-se no poder se isso acontecer …não deixe que a falta de financiamento o detenha.
Mas eles não nos deixam…
Há um certo temor entre ecologistas de que qualquer iniciativa bem-sucedida em provocar
mudanças será interrompida, suprimida, atacada por burocratas sem identiddae ou por corporações.
Se esse medo for grande o suficiente para impedir que você aja, se a única coisa que você está pronto para fazer é abdicar do poder que tem em favor de alguns “eles” imaginários, então provavelmente você está lendo o documento errado. As Cidades em Transição, por outro lado, operam “fora do alcance dos radares”, não procuram vítimas nem fazem inimigos. Assim, elas não parecem despertar a ira de instituições já existentes.
Ao contrário, com as grandes corporações cada vez mais alertas em relação à sustentabilidade e à Mudança Climática, você ficará surpreso ao ver quantas pessoas que ocupam posições de poder se entusiasmarão e se inspirarão nesse tipo de ação, e ainda apoiarão e não obstruirão seus esforços.
Mas já há grupos verdes nesta cidade e eu não quero tomar o lugar deles…
Entraremos nesse assunto com mais detalhes no Passo 3, abaixo. Mas, essencialmente, você seria extremamente azarado se tivesse que enfrentar uma batalha campal. A sua Iniciativa de Transição deve elaborar um objetivo comum e um senso de propósito para os grupos existentes; sendo que você pode descobrir que alguns estão um tanto esgotados e vão apreciar muito a nova vitalidade que chega. Uma ligação com uma rede de grupos já existentes para criar um Plano de Ação para o Declínio de Energia realça e dá objetivo ao seu trabalho, em vez de apenas fazer uma cópia ou a substituição de algo existente. Espere que eles se tornem alguns de seus maiores aliados, fundamentais para o sucesso de sua Transição.
Mas de qualquer forma ninguém nesta cidade se preocupa com meio ambiente…
Pode-se facilmente perdoar quem pensa assim, diante da apática cultura consumidora que nos cerca atualmente. Mas, logo abaixo da superfície, pode-se descobrir que as pessoas mais surpreendentes são entusiásticas advogadas de alguns dos elementos-chave das Iniciativas de Transição – alimentos locais, artesanato local, história local e cultura.
A dica é ir até eles, em vez de esperar que venham até você. Procure o que têm em comum e você descobrirá que sua comunidade é um lugar bem mais interessante do que pensava.
Mas certamente é tarde demais para fazer alguma coisa…
Pode ser que seja tarde demais, mas o mais provável é que não seja. Isso significa que seus
esforços (e dos outros) são absolutamente fundamentais. Não permita que a desesperança seja uma sabotagem aos seus esforços – como diz Vandana Shiva: “A incerteza dos nossos tempos não é motivo para se ter certeza da desesperança”.
Mas eu não tenho os requisitos necessários …
Se você não tem, quem terá? Não importa que você não tenha um mestrado em sustentabilidade ou anos de experiência em jardinagem ou planejamento. O importante é que você se importa com o local em que vive, que percebe a necessidade de agir e que está aberto a novas maneiras de atrair as pessoas.
Se houvesse uma exigência de qualificações para alguém que fosse iniciar esse processo, uma lista de qualidades poderia incluir:
• Ser positivo
• Ser bom com pessoas
• Ter um conhecimento básico do local e de algumas pessoas-chave da cidade.
Isso na verdade é o suficiente. Afinal de contas, você está prestes a projetar seu próprio legado ao processo desde o princípio (ver Passo # 1), portanto sua função nesta etapa é como um jardineiro preparando o solo para o jardim, que você pode ou não estar por perto para ver.
Mas eu não tenho energia para fazer isso!
Como diz a citação freqüentemente atribuída a Goethe: "Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia!" A experiência de dar início a uma Iniciativa de Transição mostra com certeza que este é o caso. A idéia de preparar seu município (ou cidade, vila, vale ou ilha) para a vida pós-petróleo pode ter implicações inacreditáveis, mas existe alguma coisa na energia desencadeada pelo processo de uma Iniciativa de Transição que é incontrolável.
Você pode se sentir esmagado pela perspectiva de tanto trabalho e complexidade, mas vai aparecer gente para ajudar. Na verdade, muita gente fala das sincronicidades de todo o processo e de como as pessoas certas aparecem na hora certa. Há alguma coisa que emerge ao assumir aquela ousadia, do saltar do “por que ninguém faz nada?” para o “vamos fazer alguma coisa” – e isso gera a energia que faz avançar.
Freqüentemente as iniciativas que visam melhorias ambientais parecem um carro quebrado que deve ser empurrado ladeira acima: um trabalho árduo, difícil e sem recompensas. Cidades em Transição são como estar do outro lado – o carro começa a andar mais depressa do que você, e continua acelerando o tempo todo. Depois que você der o empurrão no alto da ladeira, ele vai desenvolver seu próprio ritmo. Isso não quer dizer que às vezes não seja difícil, mas é quase sempre um prazer."